O Cristianismo Ortodoxo tradicional vem em defesa do patriarcalismo em dois pontos-chave: a observância de uma liderança Paulina do marido e de um clero Ortodoxo completamente masculino.
Existem também outros aspectos do Cristianismo Ortodoxo que glorificam e exaltam santas mulheres a um tal nível que o distingue de outras formas de patriarcalismo.

Por exemplo:
- O lugar altamente elevado da Theotokos na vida da Igreja e sua significância teológica
- A vida de mulheres Santas e sua veneração
- Uma teologia apostólica, robusta e bem desenvolvida sobre o celibato que não eleva erroneamente (ou cruelmente) o matrimônio sobre a virgindade
Tendo dito isso, com relação às questões mais centrais deste assunto, a Ortodoxia certamente exemplifica um Patriarcalismo.
Alguns dos textos-chave mais comumente citados do Novo Testamento na discussão são: Gálatas 3:28, Efésios 5:22–33, 1 Coríntios 11:3–15; 14:34–35, 1 Pedro 3:1–7, e 1 Timóteo 2:9–15; 3:2,12. Mesmo sem recorrer ao testemunho de dois milênios de uma tradição Cristã indivisa sobre o assunto, os seis textos acima são inquestionáveis em sua rejeição de um ponto de vista feminista ou igualitário, e aquele texto de Gálatas não é suficiente para refutar tais conclusões.
O principal problema de se ler o texto de Gálatas 3:28 como uma apologia do igualitarismo é o Cristológico.
Se, de fato, não existissem escravos, Judeus, ou homens em Cristo, então seria muito complicado explicar o fato de que agora, enquanto escrevo, um servo Judeu (crucificado, ressurreto e glorificado) reina à destra de Seu Pai na eternidade. Cristo é a primícia da ressurreição dos mortos (1 Coríntios 15:20) e Ele não perdeu em Sua ressurreição sua Judaicidade, ou masculinidade, ou ainda seus significados - assim como Sua relação de Imagem e Filho (não apenas "criança") para com com Seu Pai, o fato de ser o cumprimento do antigo pacto na carne, de ser o Novo Adão que desfaz a maldição do Éden, ou o atributo masculino de Sua relação para com a Igreja feminina (a Noiva de Cristo).
A encarnação, vida, morte e ressurreição de Cristo transfiguram todo o nosso ser, incluindo nossa carne mortal em toda sua particularidade, elevando-a até a destra do Pai. Ler Gálatas 3:28 como se o texto se referisse a uma eliminação das distinções e particularidades humanas, ao invés da cura e transfiguração que Cristo opera neles de dentro para fora, é incompatível com as doutrinas Cristológicas centrais, tais como a Ressurreição e a consubstancialidade de Cristo em relação à humanidade.
O apóstolo Paulo, antes de tudo, aponta para o fato de que nossa identidade em Cristo é o atributo mais essencial de nosso ser. Outros atributos que foram uma vez barreiras em nossa unidade humana, agora já não são em nossa união com Cristo. São João Crisóstomo escreve sobre este versículo:
"'Vós sois todos Um em Cristo Jesus', isto é, vós todos tendes uma só mesma forma e molde, até mesmo Cristo. O que pode ser mais impressionante do que essas palavras! Aquele que foi ontem um Grego, ou Judeu, ou escravo, carrega agora em si a forma, não de um Anjo, ou de um Arcanjo, mas do Senhor de todos; sim, ele revela o Cristo em sua própria pessoa".
Esta é a unidade com Cristo que não desfaz as diferenciações, antes, é manifesta nelas. O ser de Cristo é verdadeiramente unido ao nosso em sua encarnação da Virgem Maria. Assim como a divindade de Cristo não diminui sua humanidade - em todas as suas dimensões reais, gênero e etnia inclusos - tampouco nossa unidade em/com Cristo diminui ou nega a nossa própria. Para que Gálatas 3:28 fosse um texto condizente com o igualitarismo, seria preciso desencarnar a Cristo, que por si só é o cúmulo tanto da heresia quanto da blasfêmia para todos os Cristãos fiéis.
Uma vez que esse texto base "feminista" - sobre o qual toda uma hermenêutica feminista bíblica permanece ou cai - é explicado por uma perspectiva Cristã tradicional, simplesmente não é possível considerar os textos supracitados como feministas ou estritamente igualitários, e ao mesmo tempo reconhecer a autoridade das Escrituras na vida da Igreja.
Na minha próxima publicação, eu irei examinar outros textos-chave deste debate à partir de uma perspectiva Ortodoxa, demonstrando que a autoridade de Deus sobre o homem é ilustrada no matrimônio Cristão.
Esta é a primeira parte de uma série de três que responde ao feminismo - Você pode ler também as partes dois e três.
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