Você morrerá hoje. Houve um acidente inesperado, você e seu amigo estão gravemente feridos, ambos dão seu último suspiro.
Em choque, você vê seu próprio corpo deitado no chão, rodeado por amigos e familiares que choram. Você tenta falar com eles, mas eles não conseguem ouvi-lo.

Você e seu amigo se olham e vocês percebem o que aconteceu. Ambos morreram e estão prestes a enfrentar o juízo.
Dois anjos reluzentes se aproximam rapidamente. Um é o seu anjo da guarda e o outro é o anjo da guarda do seu amigo. O primeiro diz:
"Preparai-vos. Eles estão vindo".
Você pergunta:
"Quem está vindo?"
O anjo responde:
"Eles".
Antes que ele pudesse terminar de falar, o céu se escureceu. Você olha direto para cima e não vê nuvens. O sol está oculto de sua vista, enquanto um enxame imundo de inúmeros demônios se aproxima, preparando-se para atacar.
Eles o cercam completamente, não deixando nenhum lugar para onde escapar. Um após o outro, eles começam a acusá-lo, trazendo à memória de ambos cada pecado já cometido.
Eles começam com seu amigo. De início, seu anjo da guarda o defende dos ataques. Contudo, em seguida vem o demônio da avareza. Ele diz:
"Por anos você poupou cuidadosamente seu dinheiro, planejando a aposentadoria. Todavia, você negligenciou os pobres. Você economiza grandes quantias de dinheiro, para que pudesse passar os últimos anos de sua vida na ociosidade. No entanto, quando o homem pobre lhe pediu ajuda, você o ignorou e não lhe deu nada. Você tem misericórdia de si mesmo, mas não tem misericórdia dos pobres".
Seu amigo permanece sem palavras, seu anjo da guarda oculta o rosto em suas mãos, admitindo derrota. A terra estremece e se abre, revelando um poço cheio de fogo, enxofre e lava derretida. Aterrorizado, seu amigo grita quando as garras do demônio agarram-no pela garganta e o arrastam para o inferno, sujeitando-o a tormentos intermináveis. O chão se fecha e todos os olhos se voltam para você.
Um após o outro, cada demônio o acusa de pecados, enquanto seu anjo da guarda o defende. Porque você frequentemente se arrependeu de seus pecados, se confessou e tomou a Sagrada Comunhão, muitos dos demônios fogem totalmente derrotados.
Contudo, o demônio da avareza retorna para o acusar. Ele diz:
"Leia o que eu escrevi neste pergaminho. Estas são todas as vezes em que você cobiçou riquezas, todas as vezes em que você foi egoísta, e todas as vezes que você gastou dinheiro tolamente. Eu tenho tudo registrado. Sua alma me pertence".
Aterrorizado pela lembrança dos seus pecados, você abaixa a cabeça envergonhado. A terra treme e se abre, você se desespera quando as garras do demônio se lançam contra seu pescoço, prontas para te lançar no inferno.
Repentinamente, os céus se abrem e um feixe de luz ilumina todas as coisas. Os demônios gemem e cobrem seus rostos, enquanto seu anjo da guarda olha assombrado para o alto. Uma voz troveja desde os Céus:
"Deixa ele em paz. Ele me pertence".
O demônio da avareza responde:
"Não! Ele é meu! Eu tenho tudo registrado no pergaminho. Você sabe que ele é culpado de todas estas coisas. Ele contraiu um débito que precisa ser pago!".
A voz celestial responde:
"Eu também devo algo, e hoje pagarei".
O demônio diz:
"Mas você é o Criador! Você é Deus! Como é possível que você tenha uma dívida com este pedaço de imundície? Quando foi que esta pessoa alguma vez te emprestou dinheiro?".
O Senhor diz:
"Está escrito, 'Aquele que se apieda do pobre, empresta ao Senhor, e Ele pagará o que tiver sido dado".
"Toda vez que esta pessoa deu dinheiro aos pedintes, foi minha mão que recebeu o dom. Toda vez que ela visitou aqueles em cadeias, e mostrou misericórdia aos doentes, ela mostrou piedade Comigo. Toda vez que um dom foi dado aos pobres, ela emprestou dinheiro a Mim. Minha dívida para com este é grande, e hoje eu pagarei a dívida toda".
Um feixe de luz, mais brilhante do que o sol, desceu sobre o demônio da avareza, apagando cada palavra do pergaminho. Por um momento, o pergaminho tornou-se completamente branco. Então uma pequena chama apareceu, gravando novas palavras sobre o rolo. Em letras garrafais, escritas como que com carvão, dizia:
"A esmola liberta da morte e impede de se cair nas trevas".
O demônio grita de dor. A luz celestial brilha sobre teu rosto, e a voz dos céus diz:
"Onde estão seus acusadores?".
Você responde:
"Eles se foram, Senhor".
Ele conclui:
"Tampouco eu te acuso. Filho meu, entra no teu repouso".
No Evangelho de hoje, lemos sobre o homem rico que obteve uma grande colheita. Ele trabalhou duro e Deus o abençoou com uma grande produção. Contudo, esse homem não tinha misericórdia dos pobres. Ele só pensava a respeito de si. Ele queria poupar toda seu dinheiro a fim de viver os últimos anos de sua vida em ociosidade. Em vez de ser generoso com os pobres, ele poupou dinheiro para sua aposentadoria. Portanto, Deus lhe disse: "Tolo, nesta noite tua alma será de ti requerida".
O Evangelho fala de um segundo homem — um homem "rico para com Deus" — um homem generoso que dá aos pobres e aos necessitados. Este homem sábio emprestou para Deus. O Senhor sempre paga Suas dívidas.
Como dizem as Escrituras: "Aquele que se apieda do pobre, empresta ao Senhor, e Ele pagará o que tiver sido dado".
Está escrito, "A esmola liberta da morte e impede de se cair nas trevas". — Sejamos generosos para com os pobres, a fim de que nós também possamos ser libertos da morte.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
26ª semana após o Pentecostes — Domingo, 6 de Dezembro, 2020
Pe. Joseph Gleason
Referências Escriturísticas
- São Lucas 12:16-21 - A Parábola do Rico Tolo
- Provérbios 19:17 - "Aquele que se apieda do pobre, empresta ao Senhor, e Ele pagará o que tiver sido dado".
- Tobias 4:10 - "A esmola liberta da morte e impede de se cair nas trevas".
O Apóstolo João escreveu o Evangelho de João, três epístolas e o livro de Apocalipse. São Policarpo, o discípulo de São João, escreveu a epístola aos Filipenses. Nesta carta, São Policarpo cita extensivamente as Escrituras, incluindo essa passagem do livro de Tobias.
Leia esta homilia em Russo: Когда Бог платит свои долги человеку
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