Na última sexta-feira, no dia 30 de setembro, uma cerimônia de assinatura dos tratados de adesão da República Popular de Donetsk, da República Popular de Lugansk, do estado de Zaporójia e do estado de Quérson à Federação Russa teve lugar no salão São Jorge no Palácio do Grande Kremlin. Na ocasião, o presidente russo Vladimir Putin pronunciou um notável discurso, dirigido aos chefes das regiões supracitadas, aos demais reunidos ali e a todos os cidadãos da Rússia. Em sua fala, Putin expõe veementemente os ardis dos EUA por detrás do presente conflito, seu feito de subjugação da ordem mundial, além de apontar para um rumo melhor para a população russa e para as demais nações soberanas.
ASSISTA:
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TRANSCRIÇÃO:
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin: Cidadãos da Rússia, cidadãos das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, residentes das regiões de Zaporíjia e Quérson, deputados da Duma, senadores da Federação Russa,
Como os senhores sabem, foram realizados referendos nas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e nas regiões de Zaporíjia e Quérson. Os votos foram apurados e os resultados foram anunciados. O povo fez sua escolha inequívoca.
Hoje assinaremos os tratados de adesão da República Popular de Donetsk, da República Popular de Lugansk, do estado de Zaporíjia e do estado de Quérson à Federação Russa. Não tenho dúvidas de que a Assembleia Federal apoiará as leis constitucionais sobre a adesão à Rússia e o estabelecimento de quatro novas regiões, nossas novas entidades constituintes da Federação Russa, porque essa é a vontade de milhões de pessoas. (Aplausos.)
É sem dúvida um direito deles, um direito inerente selado no artigo 1º da Carta das Nações Unidas, que afirma diretamente o princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos.
Repito, é um direito inerente do povo. Baseia-se em nossa afinidade histórica, e é esse direito que levou gerações de nossos antecessores, aqueles que construíram e defenderam a Rússia durante séculos desde o período da Rússia Antiga, à vitória.
Aqui em Nova Rússia, [Pyotr] Rumyantsev, [Alexander] Suvorov e [Fyodor] Ushakov travaram suas batalhas, bem como Catarina, a Grande, e [Grigory] Potyomkin fundaram novas cidades. Nossos avós e bisavós lutaram aqui até o amargo fim durante a Grande Guerra Patriótica.
Recordaremos sempre os heróis da primavera russa, aqueles que se recusaram a aceitar o golpe de Estado neonazista na Ucrânia em 2014, todos aqueles que morreram pelo direito de falar sua língua materna, de preservar sua cultura, suas tradições e sua religião, e pelo próprio direito de viver. Recordamos os soldados de Donbass, os mártires da "Odessa Khatyn", as vítimas dos desumanos atentados terroristas perpetrados pelo regime de Kiev. Comemoramos voluntários e milicianos, civis, crianças, mulheres, idosos, russos, ucranianos, pessoas de várias nacionalidades; o líder popular de Donetsk, Alexander Zakharchenko; comandantes militares Arsen Pavlov e Vladimir Zhoga, Olga Kochura e Alexei Mozgovoy; procurador da República de Lugansk Sergei Gorenko; o paraquedista Nurmagomed Gadzhimagomedov e todos os nossos soldados e oficiais que morreram como heróis durante a operação militar especial. Eles são heróis. (Aplausos.) Heróis da grande Rússia. Queira juntar-se a mim em um minuto de silêncio para honrar a memória deles.
(Minuto de silêncio.)
Obrigado.
Por detrás da escolha de milhões de residentes nas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, nos estados de Zaporíjia e Quérson, está nosso destino comum e nossa história milenar. O povo transmitiu essa conexão espiritual a seus filhos e netos. Apesar de todas as provações que sofreram, eles carregaram o amor pela Rússia ao longo dos anos. Isso é algo que ninguém pode destruir. É por isso que tanto as gerações mais velhas como os jovens - aqueles que nasceram após o trágico colapso da União Soviética - votaram pela nossa unidade, pelo nosso futuro comum.
Em 1991, em Belovezhskaya Pushcha, representantes da elite partidária daquela época tomaram a decisão de extinguir a União Soviética, sem perguntar aos cidadãos comuns o que queriam, e as pessoas de repente se viram isoladas de sua pátria. Isso dividu e desmembrou nossa comunidade nacional e provocou uma catástrofe nacional. Assim como o governo demarcou tranquilamente as fronteiras das repúblicas soviéticas, agindo nos bastidores após a revolução de 1917, os últimos dirigentes da União Soviética, contrariando a expressão direta da vontade da maioria do povo no referendo de 1991, destruíram nosso grande país, e simplesmente fizeram o povo das antigas repúblicas encarar isso como um fato consumado.
Posso confessar que eles nem sequer sabiam o que estavam fazendo e que consequências suas ações teriam no final. Mas isso não importa agora. Não existe mais a União Soviética; não podemos voltar ao passado. Na verdade, a Rússia não precisa mais disso hoje; não é essa a nossa ambição. Mas não há nada mais forte do que a determinação de milhões de pessoas que, por sua cultura, religião, tradições e língua, se consideram parte da Rússia, cujos antepassados viveram por séculos num único país. Não há nada mais forte do que a determinação deles de voltar à sua verdadeira pátria histórica.
Durante oito longos anos, as pessoas em Donbass foram submetidas a genocídio, bombardeios e bloqueios; em Quérson e Zaporíjia, foi executada uma política criminosa para cultivar o ódio pela Rússia, por tudo o que é russo. Agora também, durante os referendos, o regime de Kiev ameaçou com represálias e morte as professoras primárias, as mulheres que trabalhavam em comissões eleitorais. Kiev ameaçou com represálias milhões de pessoas que vieram para expressar sua vontade. Mas o povo de Donbass, Zaporíjia e Quérson não foi quebrado, e eles fizeram ouvida sua voz.
Quero que as autoridades de Kiev e seus verdadeiros senhores no Ocidente me ouçam agora, e quero que todos se lembrem disso: as pessoas que vivem em Lugansk e Donetsk, em Quérson e Zaporíjia se tornaram nossos cidadãos, para sempre. (Aplausos.)
Exortamos o regime de Kiev a imediatamente cessar fogo e todas as hostilidades; a pôr fim à guerra que desencadeou em 2014 e a voltar à mesa das negociações. Estamos prontos para isso, como já dissemos mais de uma vez. Mas a escolha das pessoas em Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Quérson não será discutida. A decisão já foi tomada, e a Rússia não a trairá. (Aplausos.) As atuais autoridades de Kiev devem respeitar essa livre expressão da vontade do povo; não há outra maneira. Este é o único caminho para a paz.
Defenderemos nossa terra com todas as forças e recursos que temos, e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir a segurança de nosso povo. Esta é a grande missão libertadora de nossa nação.
Sem dúvida, reconstruiremos as cidades e vilas destruídas, os edifícios residenciais, as escolas, os hospitais, os teatros e os museus. Restauraremos e desenvolveremos empreendimentos industriais, fábricas, infraestruturas, bem como os sistemas de segurança social, de pensões, de saúde e de educação.
Trabalharemos certamente para melhorar o nível de segurança. Juntos nos asseguraremos de que os cidadãos das novas regiões possam sentir o apoio de todo o povo da Rússia, de toda a nação, de todas as repúblicas, territórios e estados de nossa vasta Pátria Mãe. (Aplausos.)
Foto: Da esquerda para a direita: Chefe do estado de Quérson, Vladimir Saldo, Chefe do estado de Zaporíjia, Yevgeny Balitsky; Chefe da República Popular de Lugansk, Leonid Pasechnik, Chefe da República Popular de Donetsk, Denis Pushylin/ Grigoriy Sisoev, RIA Novosti
Amigos, colegas,
Hoje gostaria de me dirigir aos nossos soldados e oficiais que participam da operação militar especial, aos combatentes de Donbass e Nova Rússia, aos que foram às juntas de serviço militar após receberem um documento de convocação sob a ordem executiva de mobilização parcial, e aos que o fizeram voluntariamente, respondendo ao apelo de seus corações. Gostaria de me dirigir a seus pais, esposas e filhos, para dizer-lhes por que nosso povo está lutando, que tipo de inimigo estamos enfrentando, e quem está empurrando o mundo para novas guerras e crises e derivando benefícios sangrentos dessa tragédia.
Nossos compatriotas, nossos irmãos e irmãs na Ucrânia, que fazem parte do nosso povo unido, viram com seus próprios olhos o que a classe dominante do chamado Ocidente preparou para a humanidade como um todo. Eles deixaram cair suas máscaras e mostraram do que são realmente feitos.
Quando a União Soviética entrou em colapso, o Ocidente decidiu que o mundo e todos nós iríamos aderir permanentemente a seus ditames. Em 1991, o Ocidente pensou que a Rússia jamais se levantaria depois de tais choques e que se despedaçaria sozinha. Isso quase aconteceu. Nos lembramos dos horríveis anos 90, famintos, frios e sem esperança. Mas a Rússia permaneceu de pé, ganhou vida, ficou mais forte e ocupou seu lugar de direito no mundo.
Enquanto isso, o Ocidente continuou e continua procurando outra oportunidade para nos acertar um golpe, para enfraquecer e quebrar a Rússia, com o que sempre sonharam, para dividir nosso Estado e colocar nossos povos uns contra os outros, e para condená-los à pobreza e à extinção. Não podem ficar descansados sabendo que há um país tão grande com esse imenso território no mundo, com suas riquezas naturais, seus recursos e pessoas que nem podem, nem querem acatar a imposição da vontade de outros.
O Ocidente está disposto a cruzar todos os limites para preservar o sistema neocolonial que lhe permite viver às custas do mundo, pilhá-lo graças ao domínio do dólar e da tecnologia, cobrar um verdadeiro tributo da humanidade, extrair sua fonte primária de prosperidade não conquistada - o aluguel pago ao que detém a hegemonia. A preservação dessa anuidade é sua motivação principal, real e absolutamente egoísta. É por isso que a reversão total das soberanias dos outros países é de seu interesse. Isso explica sua agressão a Estados independentes, valores tradicionais e culturas autênticas, suas tentativas de minar processos internacionais e de integração, novas moedas globais e centros de desenvolvimento tecnológico que eles não podem controlar. É extremamente importante para eles forçar todos os demais países a cederem sua soberania aos Estados Unidos.
Em alguns países, as elites dirigentes concordam voluntariamente com isso, concordam voluntariamente em se tornar vassalos; outros são subornados ou intimidados. E se isso não funcionar, eles destroem Estados inteiros, deixando para trás desastres humanitários, devastação, ruínas, milhões de vidas humanas destruídas e mutiladas, enclaves terroristas, zonas de desastre social, protetorados, colônias e semicolônias. Eles não se importam. Só se importam com o benefício próprio.
Quero sublinhar novamente que a insaciabilidade e a determinação deles em preservar seu domínio irrestrito são as verdadeiras causas da guerra híbrida que o Ocidente coletivo está travando contra a Rússia. Eles não querem que sejamos livres; eles querem que sejamos uma colônia. Eles não querem cooperação igualitária; querem saquear. Não querem que sejamos uma sociedade livre, mas uma massa de escravos sem alma.
Eles encaram nosso pensamento e nossa filosofia como uma ameaça direta. É por isso que eles visam nossos filósofos para o assassinato. Nossa cultura e nossa arte representam um perigo para eles, por isso estão tentando bani-las. Nosso desenvolvimento e nossa prosperidade são também uma ameaça para eles, porque a concorrência está crescendo. Eles não querem nem precisam da Rússia, mas nós sim. (Aplausos.)
Gostaria de lembrá-los de que, no passado, as ambições de dominação do mundo se despedaçaram repetidamente contra a coragem e a resiliência de nosso povo. A Rússia será sempre a Rússia. Continuaremos a defender nossos valores e nossa pátria.
O Ocidente está contando com a impunidade, com a possibilidade de escapar de tudo. De fato, até há pouco tempo, isso era realmente o que acontecia. Acordos de segurança estratégica foram arruinados; acordos alcançados ao mais alto nível político foram declarados fábulas; promessas firmes de não expansão da OTAN para o leste deram lugar a enganos sujos tão logo nossos antigos dirigentes aderiram a eles; tratados de defesa antimísseis, de médio e curto alcance, foram unilateralmente desmantelados sob pretextos rebuscados.
E tudo o que ouvimos falar é que o Ocidente está insistindo em uma ordem baseada em regras. De onde veio isso, afinal? Quem já viu essas regras? Quem as aceitou ou aprovou? Ouça, isso é um monte de bobagem, um completo engano, dois pesos e duas medidas, ou mesmo três medidas! Eles devem pensar que somos estúpidos.
A Rússia é uma grande potência milenar, uma civilização inteira, e não vai viver segundo regras tão improvisadas e falsas. (Aplausos.)
Foi o chamado Ocidente que pisou o princípio da inviolabilidade das fronteiras, e agora está decidindo, a seu critério, quem tem direito à autodeterminação e quem não tem, quem é indigno dela. Não está claro em que se baseiam suas decisões ou quem lhes deu o direito de decidir, em primeiro lugar. Eles simplesmente assumiram isso.
É por isso que a escolha do povo da Crimeia, Sevastopol, Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Quérson os deixa tão furiosamente zangados. O Ocidente não tem o direito moral de se pronunciar, nem mesmo de proferir uma palavra sobre a liberdade da democracia. Não tem e nunca teve.
As elites ocidentais não apenas negam a soberania nacional e o direito internacional. Sua hegemonia tem características pronunciadas de totalitarismo, despotismo e apartheid. Elas dividem descaradamente o mundo em seus vassalos - os chamados países civilizados - e todos os demais, que, de acordo com os desígnios dos racistas ocidentais de hoje, deveriam ser acrescentados à lista dos bárbaros e selvagens. Falsos rótulos como "país vilão" ou "regime autoritário" já estão disponíveis, e são usados para estigmatizar nações e Estados inteiros, o que não é novidade. Não há nada de novo nisto: no fundo, as elites ocidentais continuam sendo os mesmos colonizadores. Elas discriminam e dividem os povos entre a nata e o resto.
Nunca concordamos nem nunca concordaremos com tal nacionalismo político e racismo. O que mais, se não racismo, é a Russofobia sendo espalhada pelo mundo? Qual, se não o racismo, é a convicção dogmática do Ocidente de que sua civilização e cultura neoliberal é um modelo indiscutível a ser seguido pelo mundo inteiro? "Você está conosco ou contra nós". Até soa estranho.
As elites ocidentais estão até mesmo transferindo o arrependimento por seus próprios crimes históricos para todos os demais, exigindo que os cidadãos de seus países e de outros povos confessem coisas com as quais nada têm a ver, por exemplo, o período das conquistas coloniais.
Vale a pena lembrar ao Ocidente que ele deu início a sua política colonial ainda na Idade Média, seguida do comércio mundial de escravos, do genocídio das tribos indígenas na América, do saque da Índia e da África, das guerras da Inglaterra e França contra a China, em consequência das quais ele foi obrigado a abrir seus portos ao comércio do ópio. O que eles fizeram foi viciar nações inteiras em drogas e exterminar propositadamente grupos étnicos inteiros, com o objetivo de agarrar terras e recursos, caçando pessoas como animais. Isso é contrário à natureza humana, à verdade, à liberdade e à justiça.
Ao passo que nós temos orgulho de que no século 20 nosso país liderou o movimento anticolonial, que abriu oportunidades para que muitos povos do mundo inteiro fizessem progresso, reduzissem a pobreza e a desigualdade, e derrotasse a fome e as doenças.
Para enfatizar, uma das razões da russofobia centenária, da animosidade aberta das elites ocidentais em relação à Rússia é precisamente o fato de não termos permitido que elas nos roubassem durante o período das conquistas coloniais e que forçamos os europeus a negociar conosco em termos mutuamente benéficos. Isso foi conseguido através da criação de um Estado centralizado forte na Rússia, que cresceu e se fortaleceu com base nos grandes valores morais do cristianismo Ortodoxo, do islamismo, do judaísmo e do budismo, assim como da cultura russa e da palavra russa que era aberta a todos.
Houve numerosos planos para invadir a Rússia. Tais tentativas foram feitas durante o Tempo de Dificuldades no século XVII e no período de provações após a revolução de 1917. Todas elas fracassaram. O Ocidente só conseguiu agarrar a riqueza da Rússia no final do século XX, quando o Estado havia sido destruído. Eles nos chamaram de amigos e parceiros, mas nos trataram como uma colônia, usando vários esquemas para bombear trilhões de dólares para fora do país. Nós nos lembramos. Não nos esquecemos de nada.
Há alguns dias, os povos de Donetsk e Lugansk, Quérson e Zaporíjia declararam seu apoio à restauração de nossa unidade histórica. Obrigado! (Aplausos.)
Há séculos os países ocidentais vêm dizendo que trazem liberdade e democracia a outras nações. Nada poderia estar mais longe da realidade. Em vez de trazer democracia, eles suprimiram e exploraram, e em vez de dar liberdade, eles escravizaram e oprimiram. O mundo unipolar é intrinsecamente antidemocrático e sem liberdade; isso é completamente falso e hipócrita.
Os Estados Unidos são o único país do mundo que usou armas nucleares duas vezes, destruindo as cidades de Hiroshima e Nagasaki no Japão. E eles criaram um precedente.
Recordem que durante a Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos e a Grã-Bretanha reduziram Dresden, Hamburgo, Colônia e muitas outras cidades alemãs a escombros, sem a menor necessidade militar. Isso foi feito ostensivamente e, repito, sem qualquer necessidade militar. Eles tinham apenas um objetivo, como no caso dos bombardeios nucleares contra cidades japonesas: intimidar nosso país e o resto do mundo.
Os Estados Unidos deixaram uma profunda cicatriz na memória dos povos da Coréia e do Vietnã com seus "tapetes de bombas" e o uso de napalm e de armas químicas.
Na verdade, continuam a ocupar a Alemanha, o Japão, a República da Coréia e outros países, aos quais cinicamente se referem como iguais e aliados. Veja agora, que tipo de aliança é essa? O mundo inteiro sabe que os altos funcionários desses países estão sendo espiados e que seus escritórios e suas casas estão sob escuta. É uma vergonha, uma vergonha para aqueles que fazem isso e para aqueles que, como escravos, silenciosa e mansamente engolem esse comportamento arrogante.
Eles chamam de solidariedade euro-atlântica as ordens e ameaças que fazem aos seus vassalos, e a criação de armas biológicas e o uso de cobaias humanas, inclusive na Ucrânia, de nobres pesquisas médicas.
São suas políticas destrutivas, guerras e pilhagens que desencadearam a onda maciça de migrantes de hoje. Milhões de pessoas sofrem privações e humilhações ou morrem aos milhares tentando chegar à Europa.
Agora eles estão exportando grãos da Ucrânia. Para onde estão os levando sob o pretexto de garantir a segurança alimentar dos países mais pobres? Para onde estão indo? Estão os levando para os mesmos países europeus. Apenas cinco por cento foram entregues aos países mais pobres. Mais trapaças e mais engano escancarado de novo.
Com efeito, a elite americana está usando a tragédia dessas pessoas para enfraquecer seus rivais, para destruir os Estados-nação. Isso vale para a Europa e para as identidades da França, da Itália, da Espanha e de outros países com uma história de séculos.
Washington exige cada vez mais sanções contra a Rússia, e a maioria dos políticos europeus obedientemente o fazem. Eles entendem claramente que ao pressionar a UE a desistir completamente da energia e de outros recursos russos, os Estados Unidos estão praticamente empurrando a Europa para a desindustrialização, numa tentativa de colocar suas mãos em todo o mercado europeu. Essas elites europeias entendem tudo - entendem, mas preferem servir aos interesses de outros. Isso já não é servilismo, mas traição direta a seus próprios povos. Deus os abençoe, isso é com eles.
Mas os anglo-saxões acreditam que as sanções já não são suficientes e agora se voltaram para a subversão. Parece incrível, mas é um fato - ao causar explosões nos gasodutos internacionais do Nord Stream, que passam pelo fundo do Mar Báltico, eles realmente embarcaram na destruição de toda a infraestrutura energética da Europa. Está claro para todos quem ganha com isto. Aquele que se beneficia é o responsável, é claro.
Foto: Participantes da cerimônia de assinatura dos tratados de adesão das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Quérson à Rússia / Dmitry Astakhov, TASS
Os ditames dos Estados Unidos são apoiados pela força bruta, pela lei do punho. Às vezes é belamente embrulhado, às vezes não há embrulho algum, mas a essência é a mesma - a lei do punho. Assim, a implantação e manutenção de centenas de bases militares em todos os cantos do mundo, a expansão da OTAN, e as tentativas de juntar novas alianças militares, tais como AUKUS e afins. Muito está sendo feito para criar uma cadeia político-militar Washington-Seoul-Tóquio. Todos os Estados que possuem ou aspiram a uma verdadeira soberania estratégica e são capazes de desafiar a hegemonia ocidental, são automaticamente declarados inimigos.
São esses os princípios que estão na base das doutrinas militares dos Estados Unidos e da OTAN, que exigem domínio total. As elites ocidentais estão apresentando seus planos neocolonialistas com a mesma hipocrisia, alegando intenções pacíficas, falando de algum tipo de dissuasão. Essa palavra evasiva migra de uma estratégia para outra, mas realmente significa apenas uma coisa - minar todo e qualquer centro de poder soberano.
Já ouvimos falar da dissuasão da Rússia, da China e do Irã. Creio que a seguir estão outros países da Ásia, da América Latina, da África e do Oriente Médio, bem como os atuais parceiros e aliados dos Estados Unidos. Afinal, sabemos que quando estão descontentes, eles introduzem sanções também contra seus aliados - contra este ou aquele banco ou companhia. Esta é a prática deles e eles vão expandi-la. Eles têm tudo em vista, inclusive nossos vizinhos aqui do lado: os países da CEI.
Ao mesmo tempo, o Ocidente esteve claramente engajado há muito tempo em pensamento positivo. Ao lançar a blitzkrieg das sanções contra a Rússia, por exemplo, eles pensaram que poderiam voltar a alinhar o mundo inteiro ao seu comando. Acontece, porém, que uma perspectiva tão brilhante não entusiasma a todos, a não ser os completos masoquistas políticos e os admiradores de outras formas não convencionais de relações internacionais. A maioria dos Estados se recusa a "bater continência" e, em vez disso, escolhe o caminho sensato da cooperação com a Rússia.
O Ocidente claramente não esperava tal insubordinação. Eles simplesmente se acostumaram a agir de acordo com um modelo, a agarrar o que quisessem, através de chantagem, suborno, intimidação, e se convenceram de que esses métodos funcionariam para sempre, como se tivessem sido fossilizados no passado.
Essa autoconfiança é um produto direto não só do notório conceito de excepcionalismo - embora nunca deixe de surpreender - mas também da verdadeira "fome de informação" do Ocidente. A verdade tem sido afogada num oceano de mitos, ilusões e falsificações, usando propaganda extremamente agressiva, mentirosa como Goebbels. Quanto mais inacreditável a mentira, mais rápido o povo acreditará - é assim que eles operam, de acordo com esse princípio.
Mas as pessoas não podem ser alimentadas com dólares e euros impressos. Você não pode alimentá-las com esses pedaços de papel, e a capitalização virtual e inflada das empresas ocidentais de mídia social não pode aquecer suas casas. Tudo o que estou dizendo é importante. E o que acabo de dizer não é menos importante: você não pode alimentar ninguém com papel - é preciso de comida; e não é possível aquecer a casa de ninguém com essas capitalizações infladas - é preciso de energia.
É por isso que os políticos na Europa têm de convencer seus concidadãos a comer menos, tomar menos banho e se vestir mais quente em casa. E aqueles que começam a fazer perguntas justas como: "Por que isso, de fato?" são imediatamente declarados inimigos, extremistas e radicais. Eles apontam para a Rússia e dizem: "Essa é a fonte de todos os seus problemas". Mais mentiras.
Gostaria de fazer uma observação especial sobre o fato de que há todos os motivos para acreditar que as elites ocidentais não vão procurar caminhos construtivos para sair da crise alimentar e energética global pela qual elas - e só elas - são responsáveis, como resultado de sua política de longo prazo, que data muito antes de nossa operação militar especial na Ucrânia, em Donbass. Eles não têm qualquer intenção de resolver os problemas de injustiça e desigualdade. Receio que eles preferissem usar outras fórmulas com as quais se sentem mais à vontade.
E aqui é importante lembrar que o Ocidente se salvou de seus desafios do início do século 20 com a Primeira Guerra Mundial. Os lucros da Segunda Guerra Mundial ajudaram os Estados Unidos a finalmente superar a Grande Depressão e se tornar a maior economia do mundo, e a impor ao planeta o poder do dólar como moeda de reserva global. E a crise dos anos oitenta - as coisas voltaram a piorar nos anos oitenta - o Ocidente emergiu incólume, em grande parte se apropriando da herança e dos recursos da desmoronada e extinta União Soviética. Isso é um fato.
Agora, para se libertar da última teia de desafios, eles precisam desmantelar a Rússia, bem como outros Estados que escolhem um caminho soberano de desenvolvimento, a todo custo, para poder pilhar ainda mais a riqueza de outras nações e usá-la para remendar seus próprios buracos. Se isso não acontecer, não posso descartar que eles tentem desencadear um colapso de todo o sistema, e culpem a todos por isso, ou, Deus nos livre, decidam usar a velha fórmula do crescimento econômico através da guerra.
A Rússia está ciente de sua responsabilidade para com a comunidade internacional e fará todos os esforços para assegurar que prevaleçam as cabeças mais frias.
O atual modelo neocolonial está condenado, o que é óbvio. Mas repito que seus verdadeiros senhores se agarrarão a ele até o fim. Eles simplesmente não têm nada a oferecer ao mundo, a não ser manter o mesmo sistema de pilhagem e extorsão.
Eles não querem saber do direito natural de bilhões de pessoas, a maioria da humanidade, à liberdade e à justiça, ao direito de determinar seu próprio futuro. Eles já passaram à negação radical dos valores morais, religiosos e familiares.
Vamos responder a algumas perguntas muito simples para nós mesmos. Agora gostaria de voltar ao que disse e quero dirigir-me também a todos os cidadãos do país - não apenas aos colegas que estão na sala - mas a todos os cidadãos da Rússia: será que queremos ter aqui, em nosso país, na Rússia, "pai número um, pai número dois e pai número três" (eles perderam a cabeça!), em vez de mãe e pai? Queremos que nossas escolas imponham a nossos filhos, desde seus primeiros dias de escola, perversões que levem à degradação e à extinção? Será que queremos meter na cabeça deles as ideias de que certos outros gêneros existem conjuntamente com mulheres e homens e oferecer-lhes uma cirurgia de mudança de sexo? É isso que queremos para nosso país e para nossos filhos? Tudo isso é inaceitável para nós. Temos um outro futuro próprio.
Permitam-me repetir que a ditadura das elites ocidentais tem como alvo todas as sociedades, inclusive os próprios cidadãos dos países ocidentais. Isso é um desafio para todos. Esta completa renúncia ao que significa ser humano, a derrocada da fé e dos valores tradicionais, e a supressão da liberdade estão chegando a se assemelhar a uma "religião reversa": o puro satanismo. Expondo falsos messias, disse Jesus Cristo no Sermão do Monte: "Pelos seus frutos os conhecereis". Esses frutos venenosos já são evidentes para as pessoas, e não só em nosso país, mas também em todos os países, inclusive para muitas pessoas no próprio Ocidente.
O mundo entrou num período de transformação fundamental e revolucionária. Novos centros de poder estão surgindo. Eles representam a maioria - a maioria! - da comunidade internacional. Estão prontos não só a declarar seus interesses, mas também a protegê-los. Eles vêem na multipolaridade uma oportunidade de fortalecer sua soberania, o que significa ganhar verdadeira liberdade, perspectivas históricas e o direito a suas próprias formas de desenvolvimento independentes, criativas e distintas, a um processo harmonioso.
Como já disse, na Europa e nos Estados Unidos temos muitas pessoas que pensam da mesma maneira, e sentimos e vemos seu apoio. Um movimento essencialmente emancipatório e anticolonial contra a hegemonia unipolar está tomando forma nos mais diversos países e sociedades. Seu poder só vai crescer com o tempo. É essa força que determinará nossa futura realidade geopolítica.
Amigos,
Hoje, lutamos por um caminho justo e livre, antes de tudo para nós mesmos, para a Rússia, a fim de deixarmos no passado os ditames e o despotismo. Estou convencido de que os países e os povos compreendem que uma política baseada no excepcionalismo de quem quer que seja e na supressão de outras culturas e povos é intrinsecamente criminosa, e que devemos encerrar este capítulo vergonhoso. O contínuo colapso da hegemonia ocidental é irreversível. E repito: as coisas nunca mais serão as mesmas.
O campo de batalha para o qual o destino e a história nos chamaram é um campo de batalha para o nosso povo, para a grande Rússia histórica. (Aplausos.) Para a grande Rússia histórica, para as gerações futuras, nossos filhos, nossos netos e nossos bisnetos. Devemos protegê-los contra a escravidão e as experiências monstruosas que se destinam a aleijar suas mentes e suas almas.
Hoje, lutamos para que nunca ocorra a ninguém que a Rússia, nosso povo, nossa língua ou nossa cultura possam ser apagados da história. Hoje, precisamos de uma sociedade consolidada, e essa consolidação só pode ser baseada na soberania, na liberdade, na criação e na justiça. Nossos valores são a humanidade, a misericórdia e a compaixão.
E quero terminar com as palavras de um verdadeiro patriota Ivan Ilyin: "Se eu considero a Rússia minha pátria, isso significa que amo como russo, contemplo e penso, canto e falo como russo; que acredito na força espiritual do povo russo. Seu espírito é meu espírito; seu destino é meu destino; seu sofrimento é meu pesar; e sua prosperidade é minha alegria".
Por detrás dessas palavras está uma gloriosa escolha espiritual, que, por mais de mil anos de Estado russo, foi seguida por muitas gerações de nossos antepassados. Hoje, estamos fazendo essa escolha; os cidadãos das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e os residentes dos estados de Zaporíjia e Quérson fizeram essa escolha. Fizeram a escolha de estar com seu povo, de estar com sua pátria, de participar de seu destino e de sair vitoriosos junto dela.
A verdade está conosco, e atrás de nós está a Rússia!
(Aplausos.)
Foto: Da esquerda para a direita: Vladimir Saldo, Yevgeny Balitsky, Vladimir Putin, Denis Pushylin e Leonid Pasechnik / Grigoriy Sisoev, RIA Novosti
Fonte: kremlin.ru (Inglês)
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