1000 Anos de Cristianismo na Ucrânia - Explorando o Mosteiro das Cavernas de Kiev

Um conto de anos passados, a história da origem das terras Russas, em Kiev, onde os primeiros Grande Príncipes começaram a governar, e da fonte da qual a Rus' tem sua origem — Reflexões e raras histórias sobre o Mosteiro das Cavernas de Kiev.

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Parabéns a todos pela festa 1 dos Santos Pais das Cavernas de Kiev! Vamos regressar na história até o berço da Igreja Russa, no qual mais uma vez o destino da Santa Rus' parece repousar suavemente, dentro das paredes daquela porção da Mãe de Deus, enquanto grandes tempestades de heresia e tumultos a cercam.

Foto: korners.kiev.ua

Em vez de tentar acrescentar à litania de excelentes publicações acerca do dia da festa e recontar as mesmas gloriosas histórias, olhemos e reflitamos sobre algumas histórias e aspectos do Mosteiro que raramente são contadas na língua Portuguesa.

Dada a trágica invasão de nossa amada terra Ortodoxa Ucraniana pelo Patriarcado de Constantinopla, e o vergonhoso e explícito apoio ao Nazismo entre os ímpios pseudo-Ortodoxos cismáticos, examinaremos a cíclica história em relação aos eventos presentes. Afinal de contas, para ser possível entender onde estamos e o que está acontecendo hoje, é preciso regressar até o início…

Um Conto de Anos Passados

Essa história tem mais de mil anos de idade. Kiev - A Mãe das Cidades da Rus' - e seu Mosteiro da Dormição da Mãe de Deus foram sempre centrais. Ela já viu de tudo, tanto sofrimento, tanta fé, tanta heresia e tanta santidade. Seu conto é um de anos passados, a história da origem das terras Russas, em Kiev, onde os primeiros Grandes Príncipes começaram a governar, e da fonte da qual a Rus' tem sua origem — Reflexões e raras histórias sobre o Mosteiro das Cavernas de Kiev.

Saint Nestor the Chronicler of Kiev
São Nestor, o Cronista de Kiev    

Essas palavras devem soar familiar para todos os estudantes da história Eslava - elas são uma paráfrase da Crônica Primária, a mais importante das antigas crônicas da história Russa. Elas foram escritas por São Nestor das Cavernas de Kiev: o pai da história Russa. Antigas crônicas Russas revelam muitas coisas, especialmente que o povo Rus' já se considerava uma única nação num tempo em que não havia "Alemanha" ou "França" no mapa, mas antes a Frância Oriental e Ocidental.2

Disso tudo, tiramos nossa maior lição: a Rússia e a Igreja Rus' são bem mais antigas do que muitos dos que são contra elas gostariam que as pessoam pensassem.

Por exemplo, existe muita retórica da parte do Patriarcado de Constantinopla sobre como os "irmãos Eslavos mais novos" precisam obedecer a primazia da "nação Grega".

Primeiramente, preciso dizer que eu não tenho nada senão respeito e admiração pela cultura e civilização Helênica. As bases da tradicional (em oposição ao pós "iluminado" ou pós-moderno) Civilização Ocidental e identidade Européia são, em resumo, a cultura e legado Greco-Romano unido à Fé Cristã - eu sempre considerei a Rússia como parte dessa Civilização Européia "ocidental" e, de fato, eu até mesmo argumentaria que a Rússia lembra muito mais esses valores tradicionais da Europa pré cisma do que o Ocidente moderno.

Entretanto, a retórica de Istambul parece pós-moderna e de toda a forma estranha à antiga cultura Helênica. Honestamente, ela parece ser parcial e racista. Parece que o Fanar propõe que eles - os cidadãos de Instambul, Turquia - têm direito ao antigo legado de Constantinopla, mas que a Igreja Rus'3 não possui o direito ao antigo legado de Kiev... e não duvidem sobre a antiguidade da Igreja Russa.

O Mosteiro das Cavernas de Kiev - a irmã do Monte Atos.

    

Colocando em perspectiva, o Monte Atos se ergueu na forma estabelecida que nós conhecemos no séc. VIII;4 todavia, o desenvolvimento dos seus grandes monastérios, da forma como nós os conhecemos hoje, parece datar em sua maioria de entre os séculos IX e XIV. O Grande Mosteiro no Santo Atos, por exemplo, foi fundado em 963, e muito de seus afrescos são do séc. XVI... isso os torna mais novos do que os trabalhos do santo Russo Andrei Rublev!

O Mosteiro das Cavernas de Kiev foi fundado em 1051 - uma data importante, porque esses antiquíssimos mosteiros Russos, tecnicamente falando, existiram quando toda a Europa conhecia apenas uma única Igreja. O Grande Cisma com os papistas ocorreu apenas três anos mais tarde. Isso significa que o Grande Mosteiro do Atos e o Mosteiro das Cavernas de Kiev são praticamente contemporâneos!

Um dos mais impressionantes monastérios do Atos, Simonopetra, foi fundado no séc. XIII, sendo assim duzentos anos mais novo que o Mosteiro das Cavernas de Kiev; não obstante, o Fanar preferiria que você acreditasse que desde o começo a Rus' era uma desolada e vazia estepe e que a Igreja Rus' (que literalmente alimentou o desfavorecido Fanar) esteve em um permanente estado de infância em comparação com o mundo Helênico.

Simonospetras Monastery is a contemporary of Pochaev Lavra, younger than Kiev. Photo: sott.net
O Monastério de Simonopetra é contemporâneo do Mosteiro de Pochaev, mais jovem do que Kiev. Foto: sott.net    

A mídia Ocidental ficaria contente em perpetuar essa imagem de um antigo Fanar (cuja principal igreja em funcionamento quase não é contemporânea da antiga catedral do Monastério de Sretensky de Moscou) e uma jovem Rus'.

Colocando as coisas sob perspectiva: Hoje, o segundo Domingo da Quaresma, é também o dia do gloriosíssimo Santo Hierarca São Gregório Palamas. Sâo Gregório viveu no início do séc. XIV, ao passo que São André de Kiev, cofundador do Mosteiro das Cavernas de Kiev, nasceu antes do Grande Cisma, em 983, e repousou em 1073. Isso significa que no tempo do Santo Hierarca Gregório Palamas, já havia santos em Kiev.

A intenção não é, de maneira nenhuma, desrespeitar Constantinopla ou o mundo Helênico - todos nós honramos nosso glorioso Santo Hierarca São João Crisóstomo, Arcebispo de Constantinopla e os antigos pais. Ninguém questiona que o povo Rus' recebeu o Batismo da gloriosa Constantinopla. Entretanto, o Fanar está usando dois pesos e duas medidas - fingindo que as leis do Império Romano ainda se aplicam a eles, mas que as leis da Rus' de Kiev não devem mais valer na Rus'.

São Pedro Mogila

Metropolitan Petro Mohyla
Metropolita Pedro Mogila

O Santo Hierarca Pedro Mogila, Metropolita de Kiev (1596-1646) é desde sempre um dos meus santos favoritos,5 e embora seus trabalhos foram "muito estimados" por São João de Xangai6, frequentemente me estristeço pelo fato de que raramente sua história é contada. Em resumo, esse santo homem salvou a Ortodoxia na Ucrânia, Rus'... e provavelmente também muito além de suas fronteiras.

Enquanto volumes inteiros poderiam ser escritos sobre seus trabalhos, essa sua rara citação diz muito sobre o tipo de pessoa que ele é:

"Eu frequentemente pensei e ponderei sobre o quão importante é ensinar não apenas as ciências externas nas escolas, pois é muito mais importante, além de qualquer coisa, que as escolas instilem piedade, que deve ser semeada e se enraizar nos corações de seus jovens, porque se isso não for assim, toda a sabedoria é tolice diante de Deus".

Ele nasceu um nobre em uma família principesca, se tornou um monge, arquimandrita e primaz; ele foi um doutor catedrático treinado na Universidade de Paris, foi um filósofo, linguista, liturgo, reformador7, editor, tipógrafo, pedagogo e teólogo, além de um dos mais tragicamente menosprezados missionários e santos hierarcas na Europa Ocidental.

Ainda que eles não saibam seu nome, quase todo Cristão Ortodoxo foi pessoalmente afetado por seu legado.

Pedro Mogila fundou o primeiro seminário Ortodoxo.

Sim, é claro, havia, naturalmente, outros métodos de treinamento do clero antes de Pedro Mogila, mas em sua Academia da Irmandade Kiev-Mogila, ele foi o primeiro hierarca Ortodoxo a se submeter aos rigorosos estudos acadêmicos das grandes universidades Européias e conciliá-los com a ascética arena espiritual dos monastérios. Seu método criou simultaneamente os meios para iluminar e ensinar tanto a mente quanto o coração ao mesmo tempo, removendo a mente racional do seu lugar de tirania sobre a alma humana e levando-a para baixo, até o coração. Pela primeira vez, a academia contemporânea coexistiu lado a lado com a genuína piedade Ortodoxa.8

Antes que houvesse uma universidade em Atenas, ou a Academia Grega-Latina-Eslava em Moscou, havia a escola de Kiev de Pedro Mogila.

Eu o considero um dos quatro Evangelistas da tipografia Eslava Oriental, ao lado de seus contemporâneos São Jó de Pochaev, Ivan Fyodorov de Moscou e o nobre Príncipe Ucraniano-Polones Constantino Wasyl Ostrogski.

Left to Right: St. Job of Pochaev, Petro Mohyla, Konstanty Wasyl Ostrogski, Ivan Fyodorov.
Da esquerda para a direita: São Jó de Pochaev, Pedro Mogila, Constantino Wasyl Ostrogski e Ivan Fyodorov.    

Durante o tempo da heresia Uniata, Pedro Mogila começou a usar sua escola para o trabalho missionário, dando início ao movimento de alfabetização em massa na Pequena Rússia (Ucrânia). O que os Santos Cirilo e Metódio fizeram pelo alfabeto Eslavo, esses quatro fizeram pela tipografia Eslava, permitindo que a Ortodoxia finalmente contra-atacasse, não apenas espiritualmente, mas também cientifico-academicamente as heresias no Ocidente9, usando a nova tecnologia da prensa tipográfica para o serviço de Deus, da Igreja e da nação.

The Trebnik of Metropolitan Petro Mohyla
O Trebnik do Metropolita Pedro Mogila   

Ele foi um homem que, acima de tudo, verdadeiramente entendeu o espírito missionário que a Igreja tão desesperadamente precisava. Ele viu os Uniatas-Jesuítas rodeando a Ucrânia como Borgias, pervertendo as almas das pessoas, servindo aos interesses corruptos de Roma. Como um pioneiro da primitiva mídia de massa, ele contra-atacou a propaganda com a verdade, com amor e com a fé - sem a necessidade de alardes desonestos ou insultos, ao invés disso, demonstrando a superioridade moral da Ortodoxia através da caridade.

Um famoso historiador Sírio e Arquidiácono Melquita, Paulo de Alepo, passando por Kiev, viu em primeira mão os frutos do trabalho de Mogila. Estas são suas palavras:

"Até mesmo os aldeões na Ucrânia sabem ler e escrever [...] e os sacerdotes de vilarejos tomam para si o dever de instruir os órfãos e não deixar que eles andam pelas ruas como vagabundos”.

Pedro Mogila imprimiu em todo o seu clero a necessidade de não serem Jesuítas elitistas, i.e., retendo o conhecimento do povo comum, ou se escondendo atrás das paredes do Mosteiro, mas para saírem e ensinarem ao povo através da interação real.

Isso é o que, novamente, a Ucrânia e toda a Ortodoxia desesperadamente precisa agora, mais do que nunca. Muitos foram batizados, mas poucos são religiosos, e educação religiosa é o que a Ortodoxia precisa. Isso contribui em profundo para com a situação na Ucrânia.

A ideia de que os cismáticos sob a recém formada estrutura da "Igreja Ortodoxa da Ucrânia" representam a Ortodoxia é ridícula. Este simples vídeo é esclarecedor, no qual os cismáticos que vieram para causar alvoroço contra a Igreja canônica são desafiados a recitar orações pelos fiéis do clero e do povo. Os partidários dos cismáticos, os quais o Fanar reconhe como Ortodoxos, não conseguem nem mesmo a Oração do Senhor de cabeça, todavia, eles parecem sempre lembrarem das palavras de seu canto: “Glória à nação - morte aos inimigos”.

No tempo de Pedro Mogila, houve o mesmo problema. Hierarcas abandonaram a Ortodoxia para viverem como senhores feudais na união Católica, enquanto os rios da Ucrânia ocidental corriam vermelhos com o sangue dos mártires, e a Transcarpátia se tornou em um outro Gólgota. Ele foi omisso? Não!

Pedro Mogila e São Jó de Pochaev tiveram uma postura de oração. Eles foram de encontro com às trevas com a luz da sabedoria e da teologia. Eles publicaram grandes obras!

Saint Job of Pochaev (in monastic garb) reviews the Ostrog Bible, the first Slavonic book printed on a press, together with Prince Ostrogski (in red), and Ivan Fyodorov of Moscow (in green). uk.m.wikipedia.org
São Jó de Pochaev (em hábito monástico) revisa a Bíblia de Ostrog, o primeiro livro em Eslavônico impresso em uma prensa, junto com o Príncipe Ostrogski (de vermelho) e Ivan Fyodorov de Moscou (de verde). uk.m.wikipedia.org    

É disso que nós agora precisamos!

Posso imaginar que os ultraconservadores de seu tempo podem até mesmo ter caluniado eles. "O que esse monge está fazendo tentando ter uma editora ou brincando com uma prensa tipográfica?!". De diversas maneiras, para a minha grande tristeza, eu imagino que existam alguns que pensam da mesma forma sobre a mídia Ortodoxa moderna, sobre sacerdotes que fazem vídeos no YouTube, etc. Até mesmo já me disseram que não existe razão em "perder tempo" escrevendo artigos sobre o cisma... apenas oro e os ignoro.

Todavia, é difícil de ignorar quando sua terra Ortodoxa está sendo solapada pelo cisma, quando seu povo está morrendo; e, francamente, você pode orar e escrever artigos ao mesmo tempo!

Por esta razão, na minha visão, projetos modernos de mídia Ortodoxa podem continuar o legado de Pedro Mogila; A editora do Monastério de Jordanville não apenas ostenta o nome, mas é literalmente a continuação da Editora de São Jó de Pochaev.

Nós precisamos de nada menos do que uma restauração das antigas Irmandades Rutenianas: aquelas uniões de pessoas leigas, monásticos e simples clérigos que trabalhavam em conjunto pregando contra o cisma dos dias de Pedro Mogila. Aquele espírito missionário abnegado e desejo por espalhar a Ortodoxia através de uma autêntica sociedade e novas tecnologias preservaram a fé naqueles dias; e embora haja sérios riscos, a internet nos providencia hoje essas mesmas oportunidades. Que Deus possa nos ajudar a usá-la sabiamente, pelas orações daquelas pessoas santas.

Um abismo chama outro abismo - não se pode ceder à heresia

Enquanto lia sobre os Santos de Kiev comemorados no dia de hoje, eu também me deparei com a interessante vida de São Aleixo de Goloseyevsky, que, dentre várias outras coisas, predisse1011 o assassinato do Imperador Alexandre II da Rússia.

O Imperador Alexandre II foi uma figura trágica, e também ligeiramente polarizadora entre os monarquistas, devido às suas visões mais liberais. Não obstante, quase todos concordariam que o czar legitimamente queria dar um fim à escravidão e ao feudalismo através da emancipação dos súditos, que naquele tempo era uma ideia quase que revolucionárias nos círculos conservadores, especialmente entre a antiga nobreza muito conservadora, que de muitas maneiras sentiu-se ameaçada pela emergência do capitalista e do novo-rico liberal.

Assim, quem é que matou o "ocidentalizador, liberal e revolucionário" Imperador, que tentou estabelecer uma monarquia constitucional? Os conservadores? Um grupo de príncipes perversos que não queriam perder o sistema autocrático? Não... Alexandre II foi assassinado por revolucionários liberais afeiçoados com o Ocidente.

É verdade, o mais liberal de todos os czares Russos, tentando construir uma monarquia constitucional, foi assassinado pelos liberais que queriam uma monarquia constitucional.

Eu me lembro que um sacerdote muito sábio da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior me disse que esse é um microcosmo do porquê a ideologia revolucionária é sempre uma mentira, que nunca é sobre ajudar as pessoas, mas sempre sobre a cobiça pelo poder e a violenta tentativa de tomá-lo. Ironicamente... neste mesmo dia do ano, o assassinato do Imperador Paulo I também é comemorado.12

Outro estonteante exemplo é o do Primeiro Ministro Pedro Stolypin, um estadista e reformador que, muitos crêem, se não houvesse sido assassinado, teria sido capaz de salvar a Rússia da revolução por meio da muito cuidadosa e responsável implementação das reformas necessárias.

Não é possível explicar em detalhes suas reformas neste texto, mas de maneira simplificada, ele queria abolir os resquícios antiquados do sistema agrário feudal e criar um baseado na propriedade no direito de posse de propriedade privada por fazendeiros individuais.

O estilo de propriedade individual, de fazendas independentes é conhecido nas culturas da Ucrânia e do Sul da Rússia como Kutores - como na famosa obra de Gogol: "Noites na Granja [Kutor] ao Pé de Dikanka". O kutor é o antônimo da antiga obchina, a fazenda coletiva..

Khutors are famously characteristic of Ukrainian culture. “A Khutor in Little Russia” Konstantin Kryzhitsky, 1884

Kutores são características famosas da cultura Ucraniana. “Um Kutor na Pequena Rússia”, Konstantin Kryzhitsky, 1884    

O grande Dostoiévski também concordou com Stolypin sobre a propriedade privada (em oposição a Tolstói, que preferia o sistema coletivo). Dostoiévski disse: "se você quer transformar a humanidade para melhor, tornar semi-feras em humanos, dê a eles terra e você atingirá seu propósito".13

Todavia, muito embora ele tenha se empenhado em melhorar as condições de vida tanto de fazendeiros quanto de moradores da cidade, ainda assim ele foi assassinado pelos revolucionários, e sua cova jaz diante do Trapeza da igreja no Mosteiro das Cavernas de Kiev, a atual catedral da Igreja Ortodoxa da Ucrânia.

The Imperial Family visits the grave of Pyotr Stolypin in Kiev Caves Lavra where it remains to this day. Photo: pravlife.org
A Família Imperial visita o túmulo de Pedro Stolypin no Mosteiro das Cavernas de Kiev, que lá permanece até os dias de hoje. Foto: pravlife.org    

Disso tiramos uma importante lição: não se pode negociar com o extremismo, seja um revolucionário, um fascista ou Bolchevique. Ainda que você concedesse suas exigências, eles te matariam de bom grado de qualquer forma.

Com a mesma finalidade, existe uma lição na vida eclesiástica da Ucrânia e do mundo.

Não se pode negociar com heréticos e cismáticos. Papistas, Ecumênicos, Velhos Crentes, Veterocalendaristas, nacionalistas, qualquer que seja a heresia, ela não tem lugar na Igreja.

Eis o erro crucial do Fanar. Embora pareça mais plausível que eles tenham tomado essas decisões conforme os ditames de poderes ocidentais que os controlam, no caso deles realmente crerem que podem receber cismáticos sem que haja arrependimento... isso tem já falhado e continuará falhando miseravelmente.

Os cismáticos já se voltam uns contra os outros, contra o Fanar, com Filareto contradizendo abertamente a Epifâneo e Bartolomeu. Não se pode nunca ceder à heresia.

Concluindo: eu só posso imaginar o que os incontáveis santos de Kiev devem pensar desta atual situação. Estou pensando em santos antigos como Antônio de Kiev, e novos como Rafael de Brooklyn que estudou aqui. Não posso senão pensar Ubi sunt (Baruc 3:16), ou em Eslavônico: Гдѣ жє сyть; que quer dizer: Onde estão? Onde estão nossos santos príncipes Vladimir e Alexandre, nossos cavaleiros Elias de Murom14 e Dobrinya, nossos Comandantes Bogdan Zinovii Khmelnitsky e São Pedro Kalnyshevsky?

Me parece que todos os poderes terrenos do mundo apoiam os cismáticos.

Eu me preocupo com meus amigos no Mosteiro, com suas santas paredes, isso porque tenho prazer nas suas pedras, e me condoo do seu pó.15

Então me condoí de outra coisa: de minha fraqueza e falta de fé. "Onde está sua fé?", lembrei que um amigo me havia perguntado.

Numa oportunidade eu expressei meu temor para uma moça Ucraniana de que os cismáticos poderiam tomar o Mosteiro das Cavernas de Kiev, uma vez que eles têm tomado igrejas da canônica Igreja Ucraniana Ortodoxa através da Ucrânia. Ela quase riu de mim. Ela me disse: "O Mosteiro pertence à Mãe de Deus! Ela não deixará que isso aconteça".

Também me lembrei de outra conversa que tive com uma moça Cárpato-Russa. Quando ela esteve no Mosteiro, ela falou com preocupação com uma mulher sobre o mesmo assunto. A mulher respondeu: "Você sabe onde estamos (dentro das Cavernas de Kiev estão os corpos incorruptos de incontáveis santos)?! O Senhor resolverá tudo!

As duas fiéis senhoras Ortodoxas concordaram que ao redor delas estavam todos os santos de Kiev de um período de mais de mil anos. Com tantos defensores espirituais as cercando, como elas poderiam temer?

Esse é o tipo de fortalecimento espiritual que você recebe quando caminha pelo solo do Mosteiro... Você pode voltar seu olhar para os santos dos anos passados.

Você pode ver todos eles, desde o próprio começo da Rus' de Kiev... e todos eles vêem você.

Você está sob sua proteção.

Aquelas Ucranianas Ortodoxas não temem qualquer mal que possa ousar atacar o Mosteiro... pois é claro, é a Mãe de Deus irá salvar seu Mosteiro, e não nossa preocupação.

Diante disso, eu também percebi que mulheres verdadeiramente Ortodoxas salvaram nossa fé em nossa terra. Pois nós, com toda nossa polêmica e conhecimento teológico, nos esquecemos por vezes de que foram nossas mães e avós que nos proporcionaram nossa educação Ortodoxa.

Esses pensamentos me lembraram mais uma vez não somente da maior mulher do mundo... mas da mais nobre criatura da criação: a Mãe de Deus. Sim... é claro... nossa Guia e Dirigente sempre esteve lá nas colinas de Kiev, não esteve? Sim, nossa Campeã Chefe! Ela defenderá os seus - seu Filho não permitirá que a porção de Sua Mãe malogre.

Ainda que eles venham com os exércitos do inferno…

    


1 http://orthochristian.com/calendar/20190311.html

2 http://www.unz.com/akarlin/mammoths-and-patriots/

3 Referindo-se à totalidade da unidade da Igreja Russa, tanto na Rússia, Ucrânia, Bielorússia, no estrangeiro, etc.

4 Não desconsidero as visitas da Mãe de Deus ao Atos, apenas me refiro aos edifícios físicos [tijolo e argamassa] e às comunidades que vemos hoje em dia… que ainda estão em funcionamento.

5 Atualmente, Pedro Mogila foi glorificado para a veneração local como um santo na Igreja Ortodoxa Ucraniana: http://www.patriarchia.ru/db/text/996346.html

6 http://www.pravoslavie.ru/29140.html

7 No sentido de reformas práticas, internas e administrativas/educacionais — não reformas teológicas Protestantes e liberais.

8 http://orthochristian.com/116252.html

9 http://orthochristian.com/116252.html

10 https://drevo-info.ru/articles/16563.html (em russo)

11 https://azbyka.ru/otechnik/Zhitija_svjatykh/velikie-russkie-startsy/18 (em russo)

12 http://orthochristian.com/calendar/20190311.html

13 https://www.rbth.com/arts/2013/12/07/stolypin_reformist_ahead_of_his_tim...

14 São Elias permanece incorrupto nas Cavernas de Kiev.

15 Salmo 102

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